Praça da Liberdade, 238 – 01503-390 – Liberdade – SP Tel.: 3208-7591

Em 1821. Vésperas da independência política do Brasil. O Primeiro Batalhão de Caçadores em Santos sublevou-se. Líder da revolta foi o cabo Francisco José das Chagas (o Chaguinhas). Os motivos: aumento do soldo e igualdade no tratamento de soldados brasileiros e portugueses. A sentença do Chaguinhas: a morte pela forca.

Sua condenação chocou a cidade. A forca foi erguida no atual Largo da Liberdade. No dia 20 de setembro de 1821 houve a execução. Primeiro foi o soldado Contindiba, seu companheiro de infortúnio. Depois a corda arrebentou e o Chaguinhas caiu, lépido e vivente. O povo, que a tudo assistia, gritou: “Liberdade!”. Era o costume, desde priscas eras, perdoar-se o condenado, ou comutar-lhe a pena, em casos semelhantes. Era a vontade de Deus, mais poderosa que a dos homens.


Mas o governo, consultado, foi intolerante. Que se o executasse de novo. E assim se fez. Mas eis que a corda arrebentou de novo. E o povo gritou: “Milagre!”. Mas o Chaguinhas foi enforcado na terceira vez!


 
Tamanha injustiça, associada ao milagre, gerou uma devoção imediata naquele local. Velas foram acesas e uma cruz foi erguida. Dizem que nem vento, nem chuva apagavam as velas! Depois de muito tempo erigiu-se uma capela, em 1887 (segundo Miguel Milano em seu livro Fantasmas de São Paulo, p.23). Mas a documentação primária diz que sua primeira missa celebrou-se em 1 de maio de 1891, ano de sua fundação. Sua festa passou a se dar no dia 3 de maio, pois em abril de 1911 a Irmandade de Santa Cruz dos Enforcados solicitou ao vigário foral do arcebispado (São Paulo já se tornara sede de Arquidiocese nessa época), a permissão para a procissão e a festa de 3 de maio.


 
Conforme documentos existentes no Arquivo da Cúria Metropolitana, a capela sofreu reformas de vulto nos anos vinte. No início desse ano jubileu (2000), houve um incêndio provocado por uma quantidade enorme de velas que uma devota ali depositou. O que não é novidade na história dessa capela, pois outros pequenos incêndios ali ocorreram desde o início desse século XX. Felizmente, o templo permaneceu intacto.

A Capela continua sinistra por fora, mas muito simples e acolhedora por dentro. Capela de Santa Cruz das Almas dos Enforcados. Ou simplesmente “Igreja das Almas”.

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